Fisioterapia pélvica
Aliada da mulher na gestação e pós-parto
A fisioterapia pélvica é uma especialidade que atua tanto na prevenção quanto na reabilitação de disfunções relacionadas ao assoalho pélvico, abrangendo diferentes áreas da saúde da mulher. Soraya Moura, fisioterapeuta especializada em obstetrícia, explica como essa prática pode ser uma importante aliada durante a gestação, no pós-parto e até na amamentação, promovendo qualidade de vida e prevenindo problemas comuns nesse período.
O que é fisioterapia pélvica?
De acordo com Soraya Moura, a fisioterapia pélvica é uma especialidade focada em prevenir e tratar disfunções pélvicas, que vão desde problemas uroginecológicos até questões relacionadas à gestação e pós-parto. “Eu atuo dentro da obstetrícia, desde a gestação, o parto, até o pós-parto, passando pela amamentação e a reabilitação, seja abdominal ou do assoalho pélvico”, explica.
Essa prática é importante para diversas fases da vida da mulher, mas se destaca no acompanhamento gestacional, promovendo uma série de benefícios que visam não apenas à saúde física, mas também à qualidade de vida.
A importância durante a gestação
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por diversas mudanças, como o crescimento do útero e o aumento da pressão sobre o assoalho pélvico. “Nosso objetivo na gestação é promover qualidade de vida, prevenindo disfunções pélvicas, como a incontinência urinária, que é muito comum devido às mudanças no corpo da mulher”, diz Soraya.
Além disso, a fisioterapia atua na estabilização da diástase abdominal, um afastamento dos músculos retos abdominais que acontece naturalmente durante a gestação. Embora não seja possível prevenir a diástase, a fisioterapeuta explica que é possível estabilizá-la, o que ajuda a minimizar desconfortos. “A diástase é uma consequência do crescimento do útero, e trabalhamos para estabilizar essa condição durante a gravidez, além de prevenir dores e desconfortos na região lombar e pélvica”, comenta.
Apoio na amamentação e pós-parto
No pós-parto, o acompanhamento fisioterapêutico continua sendo essencial para a recuperação do corpo da mulher. “Independente do tipo de parto, seja cesárea ou vaginal, é importante que a mulher tenha esse cuidado com seu corpo após a gestação, pois ele passou por muitas mudanças e sobrecargas”, afirma Soraya.
Além disso, a fisioterapeuta também oferece consultoria para amamentação, com um enfoque especial na rede de apoio. “Gosto de trabalhar com o casal, porque a amamentação precisa ser baseada nesse apoio mútuo. Com isso, orientamos a mãe e o pai para que o processo de amamentação seja o mais tranquilo possível, apesar dos desafios que podem surgir”.
Prevenção e tratamento de disfunções sexuais
A fisioterapia pélvica também desempenha um papel importante na prevenção e tratamento de disfunções sexuais, que muitas vezes são um tabu entre as mulheres. “Infelizmente, algumas mulheres passam anos com dor na relação sexual e não buscam ajuda por vergonha ou medo de serem julgadas”, conta Soraya. A fisioterapia pode ajudar a tratar casos de dor durante o sexo, ressecamento vaginal e até dificuldade em alcançar o orgasmo.
Soraya explica que, além dos benefícios na relação sexual, o fortalecimento do assoalho pélvico contribui para a preparação para o parto, reduzindo as chances de lacerações perineais. “Estudos mostram que o treinamento do assoalho pélvico e a prática de massagem perineal durante o terceiro trimestre de gestação podem reduzir significativamente as lacerações durante o parto”, afirma.
Quando procurar um fisioterapeuta pélvico?
Soraya é enfática ao afirmar que todas as mulheres podem se beneficiar de uma avaliação fisioterapêutica pélvica, mesmo que não apresentem sintomas. “O ideal seria que todas as mulheres fizessem ao menos uma avaliação do assoalho pélvico, porque todos nós temos algum tipo de disfunção, mesmo que leve”, explica.
Ela reforça que a prevenção é a chave para evitar problemas mais graves no futuro, como o prolapso de órgãos, que é muito comum entre mulheres mais velhas. Além disso, mulheres que apresentam sintomas como incontinência urinária, dor durante a relação sexual ou dificuldade para evacuar devem buscar tratamento especializado.