Maternidade e trabalho
Os desafios de Mayara Mathias
Mayara e Daniel haviam decidido suspender o uso de anticoncepcionais por questões de saúde. O casal, no entanto, acreditava que demoraria um tempo para que a gravidez acontecesse, já que Mayara havia usado anticoncepcionais por mais de oito anos. Quando o teste de gravidez deu positivo, o impacto foi imediato. “Eu queria ser mãe, mas, naquele momento, não me sentia pronta. Fiquei insegura, especialmente sobre o impacto no meu trabalho”, conta Mayara. A notícia, apesar de desejada, a pegou de surpresa, e isso trouxe sentimentos conflitantes.
Mayara revela que, ao mesmo tempo em que se sentia grata por estar iniciando essa nova fase da vida, sua cabeça estava repleta de dúvidas. “Eu ficava pensando no que meus colegas de trabalho iriam pensar. Eu via tantos relatos de mulheres sendo julgadas no ambiente de trabalho por engravidarem, que não conseguia deixar de sentir medo”, reflete. “Mesmo sabendo que eu tinha o apoio do Daniel, de uma família estruturada, o medo do julgamento profissional era constante”. Mayara estava ciente de que, culturalmente, a gravidez ainda é vista como um desafio para as mulheres no mercado de trabalho, especialmente em carreiras que demandam dedicação intensa.

Nesse ponto, Mayara começou a refletir sobre as desigualdades no mercado de trabalho para as mulheres, especialmente para as que optam pela maternidade. “Eu via casos de outras mulheres que passaram por isso e sentiam que eram vistas de maneira diferente no trabalho. E, mesmo casada, mesmo com todo o suporte ao meu redor, esse medo não me deixava”. O sentimento de insegurança não era apenas sobre o presente, mas sobre o futuro, e a sensação de que sua carreira poderia ser prejudicada de alguma forma por causa da gravidez era paralisante.
Entre a alegria e a dor
Enquanto ainda assimilava a ideia da gravidez, Mayara passou por uma perda dolorosa: a morte de seu sogro. O impacto emocional foi imenso. “Nós queríamos tanto contar para ele que eu estava grávida. Ia ser uma alegria enorme, mas ele se foi antes de saber”, diz Mayara, emocionada. A dor da perda foi tão intensa que Mayara quase sofreu um aborto. “Eu estava carregando a vida do meu filho e, ao mesmo tempo, vivendo o luto. Foi um período muito delicado. Eu tinha que me cuidar para não perder meu bebê”, ela relembra.
Mayara conta que, mesmo no meio de tanta dor, sabia que precisava se manter forte. “Eu sabia que precisava manter minha saúde mental e física para não afetar o bebê. Ao mesmo tempo, a tristeza era imensa, porque não pude me despedir do meu sogro como gostaria”, compartilha. Esse foi um momento de muita reflexão para Mayara, que começou a enxergar a chegada de João Miguel como uma forma de cura para a família. “O João Miguel veio em um momento em que precisávamos de luz. Ele trouxe uma nova razão para seguirmos em frente”.
O trabalho e o medo do futuro
O apoio no trabalho foi essencial, mas
eu ainda tinha muito medo do futuro.
Como seria depois que o bebê nascesse?
Mayara e Daniel passaram noites discutindo as possibilidades para o futuro, tentando encontrar maneiras de equilibrar a chegada do bebê com a necessidade de manter uma estabilidade financeira. “Conversamos sobre a possibilidade de eu não voltar ao trabalho, ou de montar um negócio, mas no final, a decisão foi voltar ao trabalho”, conta Mayara. “Tinha muito medo de perder meu espaço no trabalho ou de ser vista como alguém que não seria mais capaz de entregar o mesmo nível de dedicação”.

O desafio de voltar ao trabalho
Quando o período da licença-maternidade chegou ao fim, Mayara sentiu o peso da decisão de voltar ao trabalho. “Os primeiros dias foram extremamente difíceis. João Miguel chorava muito, e eu me sentia culpada por não estar com ele. O Daniel teve que levá-lo ao meu trabalho para eu amamentar várias vezes, porque ele não conseguia se acalmar”, relembra Mayara, emocionada. Ela descreve esse período como um dos mais desafiadores de sua vida. “Teve dias em que eu pensava em pedir demissão. A saudade era enorme, e parecia que eu estava errada por estar longe dele”, confessa.
Após algumas semanas, a situação começou a melhorar, mas a saudade e a culpa ainda estavam presentes. “A saudade é constante, mas aos poucos a rotina vai entrando nos eixos. A empresa me deu um suporte incrível, flexibilizando meu horário e permitindo que eu pudesse ajustar meu dia conforme as necessidades do João Miguel”, diz. Apesar do apoio, os primeiros meses foram um verdadeiro teste de resiliência para Mayara.
Equilibrando maternidade e carreira
Com o passar do tempo, Mayara começou a encontrar maneiras de equilibrar o trabalho e a maternidade, embora os primeiros meses tenham sido particularmente desafiadores. “Eu nunca imaginei que seria tão difícil. Pensava que, com o tempo, tudo voltaria ao normal, mas a verdade é que nunca voltamos ao ‘normal’ que conhecíamos antes”, reflete. Para ela, o retorno ao trabalho significou não só uma adaptação à nova rotina, mas também uma transformação pessoal. “Eu não sou a mesma Mayara de antes. Ser mãe mudou tudo: minhas prioridades, minha forma de enxergar o mundo e até mesmo a maneira como encaro meu trabalho”.
Se você pode, planeje bem o retorno ao trabalho e
pense no que é melhor para o seu filho e para você
Mayara percebeu que, embora o trabalho continuasse importante, ela agora precisava administrar melhor o tempo e equilibrar suas responsabilidades para não se sentir sobrecarregada. “Se eu tivesse me planejado melhor, talvez pudesse ter passado mais tempo com meu filho. Mas estou aprendendo a valorizar os momentos que temos juntos e a reconhecer que estou fazendo o melhor que posso”, pondera.
Mayara também fala sobre a importância de reconhecer os próprios limites. Ela percebeu que, para conciliar as duas frentes — maternidade e carreira —, seria necessário aceitar que não poderia ser perfeita em tudo. “A gente sempre acha que pode dar conta de tudo, mas a verdade é que não dá. E está tudo bem. Aprendi a ser mais gentil comigo mesma”.
A importância da rede de apoio
Um fator crucial para que Mayara conseguisse lidar com os desafios foi sua rede de apoio. “Daniel foi meu maior suporte. Ele esteve ao meu lado em todos os momentos, e sem ele teria sido muito mais difícil”, enfatiza. O apoio do marido foi essencial para que ela conseguisse retomar sua vida profissional sem se sentir tão sobrecarregada. “Nos primeiros meses, ele estava sempre por perto, e isso fez toda a diferença. Saber que eu tinha alguém em quem confiar para cuidar do João Miguel enquanto eu trabalhava me trouxe paz”, conta Mayara.
Além de Daniel, Mayara também contou com a ajuda de outros familiares. “Minha sogra, quando podia, ficava com João Miguel por algumas horas, e isso ajudava muito”, diz. Mesmo assim, Mayara reconhece que, em muitos momentos, sentiu que poderia ter recebido mais apoio. “Houve dias em que parecia que o peso era todo meu, e a sensação de cansaço físico e emocional era enorme. Mas, no final das contas, conseguimos superar juntos”.
Não tenha medo de pedir ajuda.
Ter uma rede de apoio
faz toda a diferença
Além de Daniel, Mayara também contou com a ajuda de outros familiares. “Minha sogra, quando podia, ficava com João Miguel por algumas horas, e isso ajudava muito”, diz. Mesmo assim, Mayara reconhece que, em muitos momentos, sentiu que poderia ter recebido mais apoio. “Houve dias em que parecia que o peso era todo meu, e a sensação de cansaço físico e emocional era enorme. Mas, no final das contas, conseguimos superar juntos”.
Hoje, ao olhar para trás, Mayara vê o quanto a maternidade trouxe desafios que ela não esperava, mas também muitas lições. “Ser mãe me ensinou a priorizar o que realmente importa. É difícil deixar seu filho em casa para ir trabalhar, mas eu sei que estou fazendo o melhor para ele e para nossa família”, reflete. Para Mayara, o processo de equilibrar maternidade e carreira é contínuo, e não existe uma fórmula perfeita. “Cada mãe precisa encontrar o seu próprio equilíbrio. E isso leva tempo”.
Ela acredita que o caminho para conciliar os dois mundos é único para cada mulher. “O que funcionou para mim pode não funcionar para outra pessoa. O importante é não se pressionar demais e aceitar que a maternidade vai mudar muitas coisas — e isso é normal”, conclui.