O puerpério na vida de Samara Hessel​

Psicóloga e mãe da Cecília, Samara Hessel compartilha sua experiência sobre o impacto da maternidade e como encontrou equilíbrio entre a criação da filha e a vida profissional.

Uma decisão transformadora

Quando Samara Hessel, psicóloga e mãe de Cecília, iniciou seu pré-natal, não imaginava que optaria por um parto domiciliar. “No começo, nem passava pela minha cabeça. Mas, à medida que fui assistindo documentários e ouvindo histórias, comecei a me interessar”, conta. Com o apoio da equipe de parto domiciliar Nascer e Renascer, de Rio Branco, no Acre, formada por enfermeiras de confiança como Sheley Lima e Cláudia Machado, ela encontrou segurança para seguir esse caminho. A coincidência de Cláudia ser amiga de infância de sua mãe só reforçou o laço emocional com a equipe.

O parto e o início dos desafios

Após 40 semanas e 5 dias, Samara entrou em trabalho de parto. As primeiras horas com Cecília, no entanto, foram mais desafiadoras do que o esperado. “Ela não conseguiu mamar nas primeiras 12 horas. Eu estava muito ansiosa”, relembra. Samara precisou recorrer a uma maternidade para receber apoio especializado na amamentação, o que acabou sendo um momento decisivo para aliviar suas preocupações iniciais.

Amamentação: a dificuldade que ninguém contou

Samara viveu um verdadeiro teste emocional com a amamentação. “A Cecília simplesmente não pegava o peito”, explica. Após uma visita à maternidade, a enfermeira Selma, que Samara descreve como “um anjo”, conseguiu ajudá-la: “Ela colocou minha filha no meu peito, e Cecília finalmente mamou por 40 minutos seguidos. Foi um alívio imenso.” Esse momento foi um marco, mas não sem sofrimento. “Eu ia de três em três horas à maternidade, até Cecília se adaptar”, conta. A experiência foi exaustiva, mas fundamental para o sucesso da amamentação.

O puerpério: a dura realidade

Apesar de toda a preparação e conhecimento como psicóloga, Samara se viu desarmada diante do puerpério. “Eu achava que seria imune por ser psicóloga, mas não. Foi muito difícil”, admite. A privação de sono, combinada com as cólicas de Cecília e a pressão de ser uma mãe presente, a levaram a momentos de grande vulnerabilidade. “Houve dias em que eu chorava sentada no sol, pensando no que tinha feito da minha vida. Eu sentia que nunca mais seria feliz”, desabafa.

A invisibilidade social das mães

Samara também se deparou com a invisibilidade social que muitas mães enfrentam. “Parece que, quando o bebê nasce, é como se a mãe desaparecesse”, lamenta. Ela percebeu que as pessoas ao seu redor não compreendiam o que ela estava vivendo. “Ninguém se dava conta de que eu não estava emocionalmente apta para participar de reuniões sociais, e eu mesma demorei a perceber isso”.

A pressão para ser uma “boa mãe” e lidar com as expectativas sociais também pesou. “Eu estava exausta, emocionalmente fragilizada, e as pessoas não enxergavam isso. Recebia visitas e tinha que fazer sala, quando o que eu mais queria era ficar sozinha”, conta. Depois de passar por essa experiência, Samara acredita que se respeitar e estabelecer limites são fundamentais para a saúde mental das mães.

Rede de apoio e o papel do pai

Mesmo com o apoio do marido, Samara sentiu o peso desproporcional da responsabilidade materna. “Meu marido é um ótimo pai, mas, ainda assim, havia momentos em que as pessoas tiravam Cecília dos braços dele para devolvê-la a mim. Como se cuidar do bebê fosse exclusivamente meu dever”, conta. Esse tipo de comportamento, muitas vezes socialmente aceito, reflete a divisão desigual das tarefas parentais, algo que Samara acredita que precisa mudar.

Ela também destaca a necessidade de uma rede de apoio mais robusta, tanto familiar quanto profissional. “Eu tive apoio financeiro e emocional, mas e as mães que estão sozinhas? Para elas, o peso é ainda maior”.

Respeitar os limites

Ao refletir sobre sua experiência, Samara ressalta a importância da informação e do autocuidado. “Procurar informação e respeitar seus limites é crucial. Não tenha medo de dizer não, de afastar visitas e de cuidar de você”, aconselha.

Ela também destaca o papel do mercado de trabalho na vida das mães, que muitas vezes são forçadas a voltar antes de estarem prontas. “Precisamos de políticas de apoio mais efetivas para as mães, especialmente no retorno ao trabalho. A sociedade precisa entender que a maternidade não acaba quando o bebê nasce – ela está apenas começando”.

"Uma das lições mais importantes que aprendi no puerpério foi a importância de respeitar os meus próprios limites. Não tenha medo de dizer não, seja para visitas ou outras pressões. Às vezes, a gente precisa de um tempo para cuidar de nós mesmas. Validar nossas emoções é essencial para manter a saúde mental e viver a maternidade de uma maneira mais leve”.
Samara Hessel
Mãe da Cecília

Empreendedorismo materno

A jornada de Samara Hessel após a maternidade

Após a maternidade, Samara Hessel encontrou no empreendedorismo uma forma de conciliar a criação da filha com a vida profissional. No vídeo abaixo, ela compartilha sua experiência e fala sobre como a maternidade foi um ponto de virada que a motivou a empreender.